Pular para o conteúdo principal

Servir: Um Modelo de Liderança Inspirado em Cristo


Um Modelo de Liderança Inspirado em Cristo


A paz, meus irmãos!


Este é um tema que me fascina e que tem ganhado destaque nos últimos anos. Diversos livros, autores e pensadores têm defendido o conceito de liderança servidora. Minha introdução a essa ideia veio inicialmente da Bíblia, ao ler o Evangelho de João, onde Cristo lava os pés de seus discípulos e os serve com humildade e respeito:

“Se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros.” (João 13:14)


Esse exemplo de Cristo é a essência do serviço. Ao longo do tempo, outros autores abordaram o tema em obras como O Monge e o Executivo de James C. Hunter, A Volta do Monge e Do Monge ao Mosteiro. Além disso, livros como Líderes Se Servem por Último, de Simon Sinek, reforçam a importância de servir como fundamento da liderança.


Essas obras compartilham um princípio em comum: um líder que serve transforma não apenas os resultados, mas também os relacionamentos. No entanto, ao assumir posições de liderança, muitos de nós nos concentramos em questões como: O que devo fazer? Como devo agir? Embora essas perguntas sejam importantes, o primeiro passo deve ser entender como servir.


O Impacto de Servir na Liderança


A prática de servir como líder cria vínculos de confiança e respeito mútuo. Ela dissolve barreiras hierárquicas e promove relacionamentos horizontais, baseados em empatia e colaboração. Gostaria de compartilhar algumas experiências que ilustram essa abordagem.


1. Empatia e Flexibilidade


Em 2018, mudei de emprego após quatro anos em uma empresa onde construí conexões profundas com minha equipe. No novo ambiente, fui apresentado como um “guru”, algo que nunca me considerei. Inicialmente, os olhares e comentários da equipe eram curiosos e, às vezes, sarcásticos. Em vez de reagir negativamente, decidi liderar pelo exemplo.


Um caso marcante envolveu um membro da equipe que havia se tornado pai recentemente e precisava sair todos os dias às 16h30 para cuidar de seu bebê. Outros desenvolvedores, que trabalhavam até mais tarde, reclamavam. Fiz uma simples pergunta:

“Vocês têm filhos?”


Quando responderam que não, expliquei:

“Vocês ainda não conhecem os desafios da paternidade, mas um dia entenderão. Que tal pensarmos em como ajudá-lo?”


A partir dessa reflexão, alguns membros começaram a chegar mais cedo ao trabalho, permitindo maior tempo de colaboração com o colega. Isso resultou em uma melhoria significativa na produtividade da equipe.


2. Liderança pelo Exemplo


Outro desafio foi a falta de documentação em um projeto crucial. Instituí uma regra: nenhuma funcionalidade seria aprovada sem documentação. Além disso, dediquei uma hora por dia para documentar os fluxos mais críticos. Essa prática inspirou outros membros da equipe, e, em seis meses, o projeto estava quase completamente documentado.

“O que ouvistes de mim… transmite-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.” (2 Timóteo 2:2)


3. Ensinando pelo Silêncio


Notei que alguns colegas gastavam longos períodos conversando durante o dia. Em vez de confrontá-los diretamente, passei a recusar convites para pausas prolongadas, explicando que precisava terminar meu trabalho para sair mais cedo. Com o tempo, eles adotaram a mesma prática, ajustando seus horários naturalmente.

“Seja o exemplo dos fiéis na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé e na pureza.” (1 Timóteo 4:12)


4. Motivação em Momentos de Crise


Em situações críticas, sempre me coloquei à disposição da equipe. Fosse revisando código, ajudando com documentação ou fazendo pair programming, nunca pedi esforço extra sem antes me comprometer a liderar pelo exemplo.


Em uma ocasião, uma grande entrega estava em risco. Compartilhei minhas preocupações com a equipe e decidi ficar até mais tarde para tentar resolver o problema. Ao retornar de uma reunião no final do dia, fiquei surpreso ao encontrar 80% da equipe ainda no escritório. Juntos, trabalhamos um pouco mais durante três ou quatro dias e concluímos a entrega.

“E qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos.” (Marcos 10:44)


5. Capacitação e Respeito aos Mais Experientes


Certa vez, sugeriram que eu substituísse um desenvolvedor com mais de 50 anos, alegando baixa produtividade. Em vez disso, decidi conversar com ele. Ele revelou que não tinha tempo para se atualizar e estava próximo da aposentadoria. Propus que ele dedicasse uma hora por dia, durante o expediente, para estudar, com minha ajuda. Em pouco tempo, sua produtividade aumentou, e a frente de trabalho apresentou melhores resultados.

“Os planos mediante os conselhos têm bom êxito; faze a guerra com prudência.” (Provérbios 20:18)


Reflexão Final


Quando vivenciei essas experiências, nem sequer compreendia plenamente o que Cristo fez por nós na cruz. Hoje, entendo que Ele é o maior exemplo de serviço e amor:

“Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate por muitos.” (Marcos 10:45)


O Espírito Santo tem me permitido aprender e crescer diariamente. Este é o modelo de liderança que sigo, defendo e acredito.


Que possamos sempre lembrar que liderar é servir, e servir é amar. Espero que este relato inspire você a adotar o mesmo princípio em sua vida e carreira.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A Importância de Entender a Origem dos Conceitos em Arquitetura de Software

Ao longo da minha carreira como desenvolvedor, recrutador e líder de projetos, uma questão sempre chamou minha atenção: a diferença entre seguir um padrão por compreender sua essência ou simplesmente aplicá-lo como uma regra inflexível. Um exemplo clássico disso pode ser observado na adoção da Arquitetura Limpa , popularizada pelo Uncle Bob (Robert C. Martin), especialmente no contexto de casos de uso . Casos de Uso: Compreensão Essencial e Prática Minha primeira interação com o conceito de casos de uso aconteceu enquanto eu estudava UML (Unified Modeling Language). Na época, trabalhando com programação estrutural e começando a explorar a orientação a objetos, fiquei fascinado com a ideia de mapear ações do usuário diretamente para funcionalidades do sistema. Era como assistir as interações do mundo real ganharem vida no código. O conceito básico é simples: um caso de uso representa uma interação significativa. Exemplos incluem registrar devoluções de um livro , realizar o onboarding ...

Sistema de Três Gerações: Uma Reflexão Sobre Tecnologia e Legado

Uma Reflexão Sobre Tecnologia e Legado Confesso que, às vezes, me sinto privilegiado na minha carreira por ter tido a oportunidade de trabalhar com sistemas de diversas gerações, cada um com suas qualidades e peculiaridades. Recentemente, tive uma experiência interessante que gostaria de compartilhar com vocês. A Consultoria que Revelou uma História Durante este ano, meu cunhado pediu que eu realizasse uma consultoria na empresa onde trabalha para analisar o sistema que utilizam. Para minha surpresa, descobri que a empresa está na terceira geração de donos! Os fundadores ainda estão vivos e me contaram que começaram pequenos, viram o negócio crescer dia após dia, e hoje possuem uma grande empresa com inúmeros funcionários. O mais curioso? Eles utilizam um sistema que está funcionando há mais de 20 anos. O Sistema que “Nunca Funcionou Bem” O sistema foi desenvolvido em VB, conectado diretamente a um banco de dados. Quando ouvi isso, pensei: “Sim, há sistemas em COBOL rodando até hoje, e...