Introdução
Paz e graça, meus irmãos. Hoje eu gostaria de trazer para vocês um resumo, mas acima de tudo, uma análise do livro Nascido Escravo, de Martinho Lutero, editado por Clifford Pond e publicado pela Editora Fiel. Confesso que, ao iniciar a leitura desse livro, deparei-me com alguns conceitos que já havia encontrado no livro Os Cinco Pontos do Calvinismo, representados pelo acrônimo TULIP.
Martinho Lutero inicia esta obra como uma resposta a algumas publicações feitas por Erasmo de Rotterdam. Erasmo defendia o livre-arbítrio, enquanto Lutero se opunha a essa ideia. Mas quais eram as bases para essa oposição? A primeira pergunta que encontramos logo no início do livro é: pode um ser humano, voluntariamente e sem qualquer ajuda, voltar-se para Cristo? Refletindo sobre essa questão e prosseguindo na leitura, percebi claramente o que Lutero queria expressar. Ora, se o ser humano, por sua própria capacidade mental e intelectual, fosse capaz de voltar-se a Deus, reverenciá-Lo e cumprir a Sua Lei sem falhar em nada, Cristo jamais teria sido pendurado no madeiro. A verdade é que Cristo, nosso Salvador, é justamente aquele em quem toda a Lei foi cumprida. Ele é aquele que nos resgatou, pagando o preço com Seu sangue.
A Questão do Livre-Arbítrio
A questão do livre-arbítrio despertou minha curiosidade, levando-me a pesquisar mais sobre o tema. Percebi que a expressão "livre-arbítrio" não está presente na Bíblia. O que encontramos são interpretações a partir de diferentes passagens. É interessante observar esse conceito em um exemplo prático: imagine uma criança brincando em casa, e sua mãe lhe avisa: "Se você continuar fazendo isso, vai levar uma chinelada." A criança realmente tem opção? Em tese, sim, mas a orientação está clara.
Deuteronômio 11 nos mostra algo semelhante: "Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição." Qual seria a escolha lógica? O livre-arbítrio, dentro dessa perspectiva, não é uma escolha neutra, mas uma orientação para o caminho correto. Erasmo argumentava que o livre-arbítrio permitia ao homem exercer sua vontade na busca por Deus, mas ao lermos Romanos 3:10-12, percebemos que "não há um justo, nem um sequer; não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis."
A Escravidão do Pecado e a Graça de Deus
O homem acredita estar vivendo sob um regime de livre-arbítrio, mas, na verdade, está sob a escravidão do pecado. Somos escravos do desejo, do orgulho, da cobiça e da ganância. Durante um estudo na igreja, surgiu a pergunta: "Podemos encontrar bondade no mundo?" Atos de bondade podem ser vistos, mas qual a sua motivação? Muitas vezes, a bondade humana é impulsionada por desejos egoísticos. Cristo nos ensinou: "Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita" (Mateus 6:3), para que o orgulho não se alimente dessas boas ações.
Paulo também afirma em Romanos 1:18 que "a ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça." Somos corruptos e vivemos sob a escravidão do pecado. Pensamos que temos controle sobre nossas escolhas, mas, sem Cristo, todas elas são influenciadas por nossa natureza pecaminosa.
A Justificação pela Graça
O livro nos lembra que a salvação é um ato soberano de Deus. "Agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus" (Romanos 3:21). O que significa isso? Que não somos justificados por nossos méritos, mas pela graça de Deus por meio de Cristo.
Aqueles que se dizem salvos e creem que podem viver como quiserem interpretam erroneamente a graça. Se somos discípulos de Cristo, devemos viver como Ele viveu, obedecendo e refletindo Seu amor. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos é o maior mandamento.
Em Nascido Escravo, Lutero também aponta que, em face do pecado, ninguém pode realmente glorificar e agradar a Deus por conta própria. O livre-arbítrio, na verdade, é o culpado pelo pecado da incredulidade. Se o homem pudesse escolher livremente, ele escolheria seu próprio caminho, que o levaria ao erro. Assim, o livre-arbítrio não é uma bênção, mas um instrumento do pecado que nos afasta da graça.
Conclusão e Aplicação Prática
O livro Nascido Escravo é uma obra essencial para aqueles que desejam entender a doutrina da graça soberana de Deus. Lutero nos ensina que a salvação não depende de nós, mas da obra de Cristo. Se somos verdadeiros cristãos, devemos refletir Sua justiça e Seu amor, vivendo de maneira digna do chamado que recebemos.
Que possamos lembrar que Deus nos salvou não por nossos méritos, mas por Sua misericórdia. E que sejamos conhecidos, acima de tudo, pelo amor de Cristo que habita em nós.
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